quinta-feira, abril 06, 2006

Entre nômades e bravos

Sertão de homem bruto conserva seu luto.
Astuto mameluco educado a viver pelo comércio.
Vaqueiro monta, a se perder, cavalo e mulher.
Na cama ou na grama, nômades e bravos
bateram-se com prazer ou a revés e assim
surgiram mamelucos a se tocar com os pés.

Não passou muito o tempo, logo estavam nascidos
menino e menina que mais tarde encontraram África.
Das diásporas nasceram um meio turco, meio japonês
enquanto o verde se atolava na lama dos lucros e dividendos.

Explorar, deter e somar a cabeça, o tronco e os membros
do homem bruto, aciganado, mameluco judeu do sertão,
sobre o qual recai sempre a questão: "Já se casou?"
Ainda não. "E tem dinheiro?!", outro pergunta.

Quem passar destas serras dará com padre e marginal.
Índio desta terra é o pai, cuspimos todos na cara do qual.
Mãezinha arreda a cadeira para se com os netos sentar
pai velho apruma a barba, tristeza e miséria, cusparada.

Por dinheiro se casa, por dinheiro se come, por dinheiro se fia
dignidade comprada sua sina, mameluco, sabia?

Pelo que você produz medem sua cidadania.
O quanto você compra diz o quanto você vale.

fotolog.com/muriloguimaraes

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