quarta-feira, outubro 19, 2005

Do guarda-roupa

Seu cheiro já povoa meu armário
escorrega manso pelo travesseiro
numa redundância sonora de beijos
olhos viços atrás do espelho

Nenhum capataz poderia parar
o tempo que me detém assaz
e minha mente sente abrir você
em outros mimos da doce vida

Se ao esperar não sentia
chegar o jorro e de seu morro
leitoso feito branco vulcão
esparramar larva por entre

o pijama, a tôca e o macio
cobertor risonho e matreiro
que logo mais alcançará seu cheiro
a gravar-se no lençol.

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